quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Sete estádios da dor



Dizem que após uma grande perda, uma grande desilusão, um momento traumatizante, todos nós passamos pelo mesmo, os "estádios da dor".
São enumerados sete estádios:
  1. O Choque e a Negação - há um primeiro momento de choque, em que não se acredita no que acabou de acontecer, e segue-se a negação da realidade para evitar a dor.
  2. Dor - este é aquele momento em que a protecção cai e tudo o que estávamos a tentar esconder vem à tona. É aquele momento em que se sente as pontadas da dor e que a cada passo aumentam a sua investida.
  3. Raiva/Revolta - quando finalmente conseguimos descalçar a dor, vestimos a raiva, a frustação, e revoltamo-nos contra tudo e todos, até mesmo contra nós próprios.
  4. Isolamento - Começamos a afastar-nos de tudo aquilo que era rotineiro na nossa vida, e de tudo o que nos faz relembrar. Não saímos de casa com frequência e entramos numa bolha intocável e impossível de rebentar.
  5. Depressão - este é o estádio de reflexão mais profunda. Aquele em que reflectimos sobre tudo o que aconteceu, aquele momento em que compreendemos a magnitude da nossa perda e deixamos que toda a nossa tristeza, todo o nosso desespero, e toda a nossa revolta inundem o nosso pensamento, deixando-nos vazios no peito.
  6. A Reviravolta - neste estádio começamos a querer melhorar, a querer seguir em frente. Ficamos mais calmos e a depressão começa, aos poucos, a evaporar-se do nosso corpo.
  7. Aceitação - Este é o momento em que finalmente aprendemos a aceitar e a lidar com o que se passou. A partir daqui, seguimos em frente.
Ora, mas não é obrigatório passar por todos estes estádios. Podemos andar de trás para a frente, podemos até mesmo escapar a algum deles. Mas o importante é que vivenciamos estes momentos.
Eu, por exemplo, depois do "click" ter-se revelado um grande erro (o que era de esperar), dei por mim a experienciar um tumulto de emoções. É que a esta desilusão acabou por se juntar a perda (de estes queridos, de sonhos) e alguns momentos traumatizantes da minha infância (bullying). Parece que, como nenhum destes últimos teve o seu devido velório, decidiram juntar-se ao da desilusão.
Eu passei apenas por quatro estádios:
  1. Negação - não acreditava, ou não queria acreditar, no facto de haver pessoas capazes de magoar insensivelmente as outras e de o fazerem repetidamente sem qualquer peso na consciência.
  2. Depressão - quando realmente me apercebi de tudo, senti-me vazia. Nada fazia sentido. A única coisa que conseguia sentir era uma profunda tristeza e uma vontade enorme de entrar num buraco negro e desaparecer.
  3. Raiva/revolta - Em vez de ter ficado deprimida depois deste estádio, eu decidi dar a volta e revoltar-me contra mim própria por me ter deixado sentir assim. Deixei a raiva tomar conta das minhas decisões, da minha postura. Não queria saber de nada, não sentia nada, nem tristeza, nem alegria, estava imune a qualquer tentativa de afecto. Foi então que deixei tudo para trás (família, amigos, amor) e aventurei-me na minha revolta, disposta a mudar tudo o que era.
  4. Aceitação - Para mim, este é dos estádios mais difíceis de alcançar. Eu permaneci no estádio da raiva mais tempo do que o que era recomendado. Acho que quando a revolta ataca por dentro (quando nos revoltamos contra nós próprios), deixamos ela propagar-se pelo nosso corpo, ao ponto de se fixar de tal maneira nas nossas entranhas que se começa a alimentar da nossa alma. Mas como diz a minha mãe "Para tudo há solução", e para mim não foi diferente. Bastou apenas um sorriso e voltei a acreditar em mim. Bastou um verdadeiro amor para seguir em frente.
Todos nós passamos, pelo menos uma vez, por estes "estádios da dor". Eu prefiro chamar de "estádios de evolução". Não é o sentimento de dor, de perda, de desilusão, que é o centro destes estádios. O centro somos nós. O centro é o que aprendemos com esse sentimento, o que levamos connosco e o que deixamos para trás. O centro é a nossa evolução sentimental.
E apesar de algumas cicatrizes ficarem marcadas na nossa alma, conseguimos sempre dar a volta e seguir em frente. E, por vezes, só é preciso um sorriso.             





terça-feira, 16 de dezembro de 2014

<a href="http://www.bloglovin.com/blog/13314993/?claim=69y9qn3nf5m">Follow my blog with Bloglovin</a>

Amor cego


Já alguma vez se apaixonaram com um olhar?
Um daqueles momentos estranhos, em que o olhar se cruza e dá-se um "click" no nosso sistema hormonal fazendo com que paralisemos por breves instantes.
Sim, esse "click" que, apesar de lá no fundo sabermos que nos vai levar a andar numa montanha russa com um final trágico, não conseguimos deixá-lo passar ao lado.
Esse é o "click" da tragédia, do "amor cego". 
Sabem o que devem fazer quando sentirem esse "click"? Fugir!
Nada de bom sairá desse "click". Eu própria já o senti e em vez de fugir, permaneci imóvel.
E porquê? Porque será que nós, mulheres, nunca damos um passo para trás? Porque arriscamos tanto?
Simples, gostamos de sentir.
Seja que mulher for, todas arriscam um pouco, ou muito, para não perderem a oportunidade de sentir algo que nunca sentiram antes. Ou porque simplesmente não queremos ficar a pensar no "e se...". 
Nós, não gostamos de assuntos pendentes, logo aventuramo-nos no enigma.
Foi por isso que eu fugi, que me mudei.
Fugi tarde. Pois aventurei-me à mesma na montanha russa, que atingiu, inevitavelmente, o seu fim trágico.
E fugi porque de tudo o que eu era, nada ou pouco restou. E agora, visto que uma parte de mim se perdeu, decidi ir à procura das outras.
A queda foi bruta. Todas elas são.
Por isso, quando se depararem com o "click", fujam, antes de terem de fugir de vocês mesmas.